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Happy Hour de agosto mostrou o que a indústria do calçado já faz e o que ainda pode ser feito na área de reciclagem e reaproveitamento de resíduos

Happy Hour de agosto mostrou o que a indústria do calçado já faz e o que ainda pode ser feito na área de reciclagem e reaproveitamento de resíduos 26 AGOSTO

Em uma noite de contextualização do que vem sendo feito, com a perspectiva das possibilidades do que ainda pode-se fazer, o Happy Hour com Tecnologia do IBTeC do dia 23 de agosto abordou a sustentabilidade e o reaproveitamento de resíduos pela indústria calçadista. Para a discussão do assunto, o Instituto convidou o sócio fundador da Ambiente Verde, Alberto Luiz Wanner, e o plant manager da TFL do Brasil, Fabiano André Trein.

Fabiano Trein abriu sua fala fazendo uma exposição sobre conceitos:

* Logística reversa é o compromisso com o pós-uso do que a empresa produz. Não é apenas entregar o produto, mas estar preocupado com o que vai acontecer com este produto depois do seu uso.

* Economia circular é o processo em que entram insumos e saem resíduos, que são aproveitados para outras linhas de produção da mesma cadeia, ou mesmo de outro setor.

Um dos entraves para o investimento em soluções sustentáveis vem da premissa errônea de que para ser sustentável precisa ser mais caro. Hoje isto não é mais verdade, enfatizou o professor e estudioso da área. E salientou que no passado era muito mais fácil e barato buscar água nova para o tratamento em curtumes do que pegar a água usada, tirar os metais e devolvê-la para o processo produtivo. Sobre a indústria em geral, o professor lembrou que “é claro que em alguns casos ainda é mais barato buscar a água nova, mas isto será possível até o mesmo em que não vai ter mais água”.

Sobre a realidade da reciclagem hoje, Fabiano Trein enfatiza que “o custo da reciclagem já é menor”. Usou como referência o alumínio - um segmento que é exemplo - considerando que no Brasil tem 92% de reciclagem no seu processo produtivo.

Um dos obstáculos que o mercado brasileiro precisa vencer é a questão do design orientado para a desmontagem, facilitando a separação e o reaproveitamento de todos os materiais. Este é um dos desafios para o Brasil crescer na economia circular, acredita o professor e pesquisador. Exemplificou com o PET, que tem apenas 42% do total produzido reciclado, porque tem quatro tipos de plásticos envolvidos em um único produto. Outro exemplo é a embalagem tetrapak, que tem sete camadas de produtos diferentes  que não podem ser separadas em sua composição.

Fabiano entende que o mercado brasileiro precisa vencer a barreira da forma como vê o resíduo. “Precisamos utilizar e ver o resíduo como matéria-prima”. Se sairmos do modelo tradicional, vamos ver que tudo pode ser feito de forma mais barata, afirmou o palestrante. Apesar de todos os avanços da economia circular, a realidade hoje é que 92% do mercado nacional ainda vive no modelo tradicional, pela dificuldade que os gestores têm que sair da zona de conforto e repensar seus processos.

E o palestrante lembrou que o setor de calçados tem uma matriz industrial com uma geração de resíduos maior do que o normal, em seu processo de produção. Por isto, gera mais resíduos.

O Brasil gerou em 2022 27,7 milhões de toneladas de resíduo industriais, dos quais 5,6% são têxteis, couros e borrachas, onde está incluída a indústria coureiro calçadista. E do total de resíduos gerados, apenas 4% foram reciclados. A boa nova para a indústria brasileira é que as tecnologias que estão disponíveis já permitem que praticamente tudo seja reciclado, “a tecnologia está do nosso lado”, segundo o pesquisador.

O desafio para a indústria do reaproveitamento é fazer mais barato, e isto é possível hoje, com certeza, afirma Fabiano Trein. ‘Nós estamos em um cluster que tem conhecimento, tem tecnologia disponível, então é possível fazer”. Este foi o recado do professor Fabiano Trein ao mercado coureiro calçadista.

Alberto Luiz Wanner, sócio fundador da empresa Ambiente Verde Indústria Ltda., especializada na transformação de resíduos industriais em produtos, começou contando um pouco da história da empresa, que surgiu em 2011. Desde então, o movimento tem sido de crescimento constante, de dobrar faturamento e volume trabalhado a cada na, e hoje a empresa é referência para o setor de calçados. O início da empresa foi a partir do desafio de uma gigante do calçado, que gerava 600 toneladas de resíduos por mês, de criar produtos a partir destes rejeitos. A Ambiente Verde usa tudo o que vai no sapato, menos o metal, porque a técnica utilizada para a reutilização é a extrusão. Contribuir para a auto sustentabilidade da cadeia produtiva do couro e do calçado é um dos objetivos da Ambiente Verde, colaborando para que este nicho de mercado possa ser reconhecimento por sua atuação na área ambiental.

Além da participação industrial, a Ambiente Verde tem um compromisso com a mudança cultural, fazendo um trabalho de conscientização nas escolas e com as prefeituras, para ampliar o reaproveitamento de lixo seletivo. Uma das ações é a distribuição de lixeiras para entregar ás escolas, de forma que possa ser feita a seleção de resíduos, como uma forma de contribuir para a mudança cultural na sociedade.

Não adianta ser sustentável se não é barato, afirmou Alberto. Hoje nós somos competitivos - hoje vendem laminado para Juazeiros do Norte, para a Colômbia, não porque seja um produto sustentável, e sim porque é mais barato.

Hoje a ambiente Verde faz muitos produtos, entre eles palmilhas (que representam 70% do faturamento da empresa), produtos termo moldados (como estojos), embalagens, material de marketing, material para PDVs, material para Pets, material para eco revestimento de paredes.

A empresa está com uma planta nova em construção na cidade de Igrejinha, que possibilitará o aumento de sua ca capacidade de produção de 586 para 800 toneladas mensais. Hoje com capacidade de produzir 384.000 metros de laminados por mês, com a planta de Igrejinha passarão a ter capacidade para produzir 476.000 metros.

Com muitos prêmios em reconhecimento ao seu trabalho, a Ambiente Verde conta está agora na expectativa da mudança para um prédio totalmente adequado, na cidade de Igrejinha, o que vai ampliar a capacidade de produção e as possibilidades de adequação a todas as exigências em relação à atuação da empresa. A mudança de endereço está prevista apara dezembro de 2023.

Os patrocinadores de 2023 são: GrendeneGrupo StickfranCalçados RamarimShimadzu do BrasilZahonero e Revista Tecnicouro.

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